NOTAS DA REPÚBLICA PORTUGUESA

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terça-feira, 23 de março de 2010

500 Escudos Francisco Sanches

Francisco Sanches


O que importa considerar é que das variadas coisas que sucedem no mundo da natureza, nenhuma sucede sem regra, ainda que tais regras possam permanecer desconhecidas para nós, importando ainda ter presente que «todas as coisas, no seu movimento, são iguais para todos os mortais errantes», estabelecendo assim uma das mais importantes condições para a emergência do discurso científico moderno: a homogeneidade do espaço físico, que passa a ser inteligível à luz da geometria euclidiana, bem como a homogeneidade do tempo, que passa a ser entendido como contínuo e uniforme.


Radica também aqui a atitude de desassombramento que anuncia a conquista da natureza pelo método científico. Será também no quadro dessa atitude que emerge a crítica ao princípio da autoridade, bem como o reclamar da autonomia da ciência perante a fé.

Lisboa, 4 de Outubro de 1979 - NOVAS!


Lisboa, 4 de Outubro de 1979 - NOVAS!


Nem a autoridade dos homens, nem a autoridade da fé poderão definir o espírito científico. A dos homens, porque falível, não podendo o conhecimento estagnar nas suas ilusões de saber fechado em sistema; a da fé porque o seu domínio é o da crença, sendo o da ciência o do livre exame.

Um dos aspectos mais interessantes da sua obra é a posição que assume perante a metafísica. Num primeiro momento, repetindo argumentos dos cépticos empíricos, entende que os primeiros princípios não passam de suposições não comprovadas e por isso inúteis para o estabelecimento das ciências naturais, proclamando além do mais a insustentabilidade da definição aristotélica de ciência como conhecimento pelas causas, visto não ser possível caminhar até ao infinito na cadeia das mesmas, havendo pois que parar numa primeira, cuja essência desconhecemos, radicando aí a dimensão da nossa ignorância.

Mas as alegações anti-metafísicas de Sanches não têm valor absoluto. A metafísica é inútil se entendida como base para o estabelecimento do saber no plano das ciências naturais, que reclamam em primeiro lugar a experiência empírica. Todavia, num plano mais avançado da sua obra, entra no domínio da teodiceia ao proclamar, contrariamente ao que afirmara antes, a necessidade de parar em algum ponto na cadeia das causas.

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